A formação desta coleção, ainda que de uma forma não programática, acabou por reunir alguns dos mais importantes momentos da arte portuguesa do século XX.
Dos chamados modernistas existem obras-chave de Eduardo Viana e Dórdio Gomes. Obras em que se observa a influência de Cézanne num afastar da representação do "real". De valores mais decorativos encontramos os magníficos desenhos de Jorge Barradas, representando as quatro estações, encomendados pela SACOR para os seus calendários, e várias obras sobre papel de Bernardo Marques e de Milly Possoz, num conjunto coerente datável do início dos anos 60.
A paisagem está muito bem representada nos fantásticos óleos de João Hogan. Obras telúricas que representam a paisagem rude sem qualquer presença humana e que são um marco muito pessoal na evolução da pintura em Portugal.
Igualmente mostrando aspetos paisagísticos de Portugal, apresentam-se nesta galeria obras de Carlos Botelho, Celestino Alves, Tomás de Melo e Artur Bual, confirmando a opção da coleção por valores figurativos em que o significado da pintura é imediatamente apreensível para quem se confronta com as obras.
Dos anos 60/70 estão presentes obras de Eduardo Nery, Jorge Martins, António Palolo e Noronha da Costa. Aqui já se sente a influência "pop", que alterou a percepção da pintura e que acompanharam, no tempo certo, os anos de rutura que aconteceram essencialmente nos Estados Unidos, em França e no Reino Unido.
Finalmente, os anos 80 aparecem representados com obras de Cruz Filipe, Manuel Cargaleiro, Ilda David e Rosa Carvalho. Após os movimentos de caráter experimental que caracterizaram os anos 70, as obras aqui presentes são um exemplo do chamado regresso à pintura.
A Fundação Galp agradece a colaboração especial de José Manuel Saldanha Bento.